Translate

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Nunca fui uma boa namorada

Quando terminei o 9ºano tinha um namorado que era o rapaz mais bonito da C+ S, pelo menos era o que diziam. Eu não era a rapariga mais bonita da escola, mas era uma miúda com personalidade forte, alguma malandrice inocente e com corpo de mulher. Isso chamava bastante à atenção dos rapazes.

Na altura não havia telemóveis, por isso falávamos pelo telefone fixo. Ele era o mais novo de quatro irmãos todos rapazes, todos eles giros. Quando eu telefonava para ele e os irmãos atendiam davam-me um gozo e depois lá passavam ao caçula. Durante as férias falávamos todos os dias antes da hora de almoço ao telefone e à tarde ia ter com ele a uma gelataria onde passávamos parte da tarde. Ele parecia gostar de mim e eu gostava muito dele.

No início do 10º Ano mudamos de escola era uma escola maior e eu não conhecia quase ninguém a não ser a ele e a minha amiga ‘Tixa’. No primeiro dia de aulas quando o vi fui ter com ele, para surpresa minha ele não falou comigo. Sem qualquer explicação deixou de falar comigo, era como se eu fosse invisível não de deu qualquer explicação. Lembro-me de ter chorado baba e ranho, de ter deixado de querer comer e de dormir agarrada ao peluche horrível que ele me deu mas que eu disse que adorava. Tive notas péssimas no primeiro período, não me concentrava em nada. Eu tinha 15 anos e bati no fundo, parecia que o mundo ia acabar. Um dia olhei para mim ao espelho e disse para mim própria que nunca mais nenhum rapaz iria fazer comigo o que ele fez e que a partir daquele dia quem controlava a situação era eu.

Fiz gato-sapato de todos os namorados que tive depois dele com exceção do meu marido. Ia ter com eles quando me apetecia, gozava com eles, terminava namoros pelo telefone só porque sim. Também trai e não senti remorsos. Mantive uma relação dupla durante mais de um ano e meio, achava excitante aquela situação, nessa altura já tinha telemóvel, aliás tinha dois um para cada. Nunca os tratava pelo nome não me fosse baralhar um dia, pensava nos pormenores todos. Durante as férias juntei os dois na mesma cidade durante 15 dias e ai foi do melhor. Como um deles trabalhava só podia ir ter com ele à noite ao mesmo café onde estava com o outro à tarde. O funcionário do café percebeu o que eu andava a fazer e um dia piscou-me o olho e abanou a cabeça. Deve ter pensado ‘És pouco fresca!’ . Não tinha grande respeito pelos rapazes mas a verdade é que eles tinham por mim. Todos eles me pediram em casamento, recebi um anel de um deles que foi feito especialmente para mim. Acabei por perder o anel e ele mandou fazer outro igual! Hoje consigo perceber que eles investiam mesmo numa relação comigo e eu era muito mazinha para eles…