Translate

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Nunca fui uma boa namorada

Quando terminei o 9ºano tinha um namorado que era o rapaz mais bonito da C+ S, pelo menos era o que diziam. Eu não era a rapariga mais bonita da escola, mas era uma miúda com personalidade forte, alguma malandrice inocente e com corpo de mulher. Isso chamava bastante à atenção dos rapazes.

Na altura não havia telemóveis, por isso falávamos pelo telefone fixo. Ele era o mais novo de quatro irmãos todos rapazes, todos eles giros. Quando eu telefonava para ele e os irmãos atendiam davam-me um gozo e depois lá passavam ao caçula. Durante as férias falávamos todos os dias antes da hora de almoço ao telefone e à tarde ia ter com ele a uma gelataria onde passávamos parte da tarde. Ele parecia gostar de mim e eu gostava muito dele.

No início do 10º Ano mudamos de escola era uma escola maior e eu não conhecia quase ninguém a não ser a ele e a minha amiga ‘Tixa’. No primeiro dia de aulas quando o vi fui ter com ele, para surpresa minha ele não falou comigo. Sem qualquer explicação deixou de falar comigo, era como se eu fosse invisível não de deu qualquer explicação. Lembro-me de ter chorado baba e ranho, de ter deixado de querer comer e de dormir agarrada ao peluche horrível que ele me deu mas que eu disse que adorava. Tive notas péssimas no primeiro período, não me concentrava em nada. Eu tinha 15 anos e bati no fundo, parecia que o mundo ia acabar. Um dia olhei para mim ao espelho e disse para mim própria que nunca mais nenhum rapaz iria fazer comigo o que ele fez e que a partir daquele dia quem controlava a situação era eu.

Fiz gato-sapato de todos os namorados que tive depois dele com exceção do meu marido. Ia ter com eles quando me apetecia, gozava com eles, terminava namoros pelo telefone só porque sim. Também trai e não senti remorsos. Mantive uma relação dupla durante mais de um ano e meio, achava excitante aquela situação, nessa altura já tinha telemóvel, aliás tinha dois um para cada. Nunca os tratava pelo nome não me fosse baralhar um dia, pensava nos pormenores todos. Durante as férias juntei os dois na mesma cidade durante 15 dias e ai foi do melhor. Como um deles trabalhava só podia ir ter com ele à noite ao mesmo café onde estava com o outro à tarde. O funcionário do café percebeu o que eu andava a fazer e um dia piscou-me o olho e abanou a cabeça. Deve ter pensado ‘És pouco fresca!’ . Não tinha grande respeito pelos rapazes mas a verdade é que eles tinham por mim. Todos eles me pediram em casamento, recebi um anel de um deles que foi feito especialmente para mim. Acabei por perder o anel e ele mandou fazer outro igual! Hoje consigo perceber que eles investiam mesmo numa relação comigo e eu era muito mazinha para eles…

 

 

terça-feira, 14 de outubro de 2014

Miss my bitch

 

Nos últimos tempos tive grandes alterações na minha vida. Tive de abdicar da coisa que mais prazer e gozo me dava. Desde que o meu filho nasceu que a minha prioridade é ele. É e será, por isso mesmo é que tive de abdicar dos meus treinos de PT para que ele pudesse continuar no colégio onde está.

Sinto falta dos treinos na hora do almoço das 'minhas terças', sinto falta daquela hora em que aprendia sempre alguma coisa nova. Sinto falta da companhia e da conversa e da sensação de cansaço depois de cada sessão.

Continuo a treinar todos os dias, agora sem restrições por causa do joelho. Decidi experimentar umas aulas de boxe, não desgosto mas não é bem aquilo que me faz continuar a treinar. Aquilo que eu gosto mesmo é Crossfit pela força, pela variedade de exercícios, por me lembrar tudo que o que fazia quando era militar e por no final me sentir uma super guerreira.

Gosto daquele jogo mental de tentar fazer o máximo de repetições num intervalo de tempo. Sei que a longo prazo provavelmente este tipo de exercício acaba por ter consequências, por isso é que decidi que iria abrandar um pouco e dedicar-me às aulas de boxe. Não me tenho livrado de socos, sou uma tosca a saltar à corda, sou quem tem a pior técnica mas também ainda estou a aprender.

A cima de tudo estou lá pelo treino e para aliviar alguma ansiedade e dar uns socos no saco.

O que é certo é que nada se compara aos treinos da minha bitch, tenho saudades...

quarta-feira, 30 de julho de 2014

Domingos de missa

Quando era miúda achava que a missa era uma coisa chata e demorada sem sentido. As velhas beatas cantavam mal e cheiravam a mofo. Na altura não percebia bem mas aquele momento da semana era quando todas as pessoas da aldeia se juntavam. Os maridos iam ao "Armando" e faziam a barba. Por vezes aparavam o cabelo, vestiam a roupa de domingo, dirigiam-se para a porta da igreja mais cedo e ficavam à conversa. Falavam das colheitas, do jogo do Desportivo e reparavam nas raparigas novinhas.

As mulheres preparavam tudo de maneira a que quando chegassem da missa estivesse tudo pronto e se pudesse almoçar. Mesa posta, assado no forno de lenha, colar de pérolas e brincos postos, tiravam o avental e iam para a missa em passo acelerado.

Sentavam-se sempre no mesmo lugar como se os lugares estivessem marcados. Eu chegava sempre tarde à missa porque vinha da cidade com os meus pais e com a minha irmã. Antes de entrar na igreja a minha mãe arranjava-nos sempre os cabelos e os vestidos enquanto resmungava:

-Olha pra isto! És sempre a mesma coisa!

O meu pai fingia que tinha de ir estacionar o carro longe, raramente assistia à missa e ficava na conversa à porta da igreja com os amigos de infância, eu fingia que não percebia.

Dentro da igreja observava tudo, sabia onde estava cada pessoa. Procurava os meus Avôs com o olhar, eles estavam os dois sempre lá na frente ao pé do padre um deles era o sacristão e estava atento aos pormenores da celebração, ajudava em alguns rituais e fazia-me sinal para eu fazer a leitura. O outro tirava sempre o chapéu, parecia sempre muito atento, era careca e eu achava graça ao reflexo da luz na careca. Brilhava mesmo! Tinha uma opima postura, sempre muito direito, tinha sido militar e isso notava-se. Costas direitas, mãos atrás das costas, posição de descansar à vontade.

As minhas Avós estavam com as suas toaletes de Domingo, roupas que eu achava um pouco "demode" com uns padrões estranhos e as vezes até tinham golas de renda. Mulheres habituadas a poupar e que apesar de terem algum dinheiro mantinham os padrões baixos, hoje percebo isso.

Para mim a cerimônia dividia-se em 3 momentos: os beijinhos, as moedinhas e a Hóstia. Às vezes tinha que levar com as leituras, principalmente em épocas festivas. Era um orgulho para os meus Avós, a ‘piquena’ deles estava a ler para toda a gente.

Estava sempre desejosa de ouvir o Padre que eu meu primo e afilhado da minha Avó paterna dizer ‘Ide em paz e que o Senhor vos acompanhe’. Era música para os meus ouvidos, depois dessas palavras corríamos para casa. Eu ajudava a minha Avó no que ela precisasse, basicamente em nada porque ela tinha sempre tudo controlado. A minha Mãe era sempre a responsável por levar a sobremesa. Comíamos como abades, tudo sabia diferente e muito melhor. No final do dia quando chegava a casa estava sempre exausta, mas desejosa do próximo Domingo. Fui uma criança com uma infância cheia de momentos felizes e principalmente com uns Avós fantásticos.

  

sexta-feira, 25 de julho de 2014

A melhor bicicleta da minha rua

Hoje o que me leva a continuar a treinar não é o querer ser 'gostosa', magra, fit ou sem celulite. Treino não porque preciso, mas porque gosto e porque quero.

A minha motivação é o gostar de aprender a fazer exercícios novos e desafiar o meu corpo e a minha cabeça.

Gosto de experimentar coisas diferentes, repetir até conseguir fazer. Gosto de treinar sozinha e provavelmente é por isso que gosto tanto de andar de bicicleta.

Um colega que é um aficionado pelas bicicletas, passou por mim quando eu estava a dar a minha voltinha diária na ciclovia. Ele disse-me que eu passei por ele e nem o vi, chamou-me para a atenção para a velocidade a que eu estava a pedalar mas o mais interessante foi que ele fez um comentário sobre o meu sorriso enquanto pedalava. Ele disse que eu estava com um ar de felicidade que se notava mesmo que eu gostava daquilo. É verdade apesar de já me ter lesionado com alguma gravidade com a minha bicicleta, ela representa muito para mim. Foi ela que me ajudou a perder aquele peso que não fazia parte de mim. É nela que encontro calma, é a minha confidente, conhece todos os meus medos, frustrações e vontades.

É uma bicicleta de cidade, por vezes coloco a cadeira do meu filho e levo-o comigo a passear. Ele adora andar comigo, rimos e ele pede mais depressa. Já passei bons momentos com ela, não sei explicar mas é quase amor o que sinto pela bicicleta não gosto quando a atacam e mandam piadas sobre ela.

Para mim é a melhor da minha rua ;)

 

 

quinta-feira, 17 de julho de 2014

Sina

E finalmente chegou o dia. Estava nervosa a cirurgia ia ser durante a tarde. A última refeição foi às 09:00, comi como um alarve, levei o miúdo ao colégio, dei-lhe dois beijinhos e disse-lhe "Até logo... Depois vais ver a Mãe ao hospital...". Seguiu-se um abraço forte e disse-lhe: "Vai lá...".
Estava nervosa e não sabia muito bem o que fazer para matar o tempo. Vesti a minha roupa preferida, um macacão azul e acabei por ir fazer o que dá mais gozo. Fui treinar, claro. Cheguei tarde porque estava trânsito. Fiquei furiosa detesto quando não aproveito na totalidade os treinos.
Vesti a roupa de treino rapidamente e fui puxar pelo corpo. Tive um treino excelente, foi quase todo ao ar livre e ajudou a acalmar.
Depois do treino fui a casa, terminei de arranjar o meu saco e fui ao SPA, estava a precisar de mino e foi isso que tive.
Sem dar por isso era a hora de ser admitida no hospital, tratei da burocracia da admissão e fui para o quarto.
Azar dos diabos, tinham tocado o número do meu quarto! Entrei logo em stress, pensei: "se me trocam o número do quarto se calhar também me trocam a perna!" Se calhar seria melhor marcar a perna que era para operar, escrever na esquerda "é a outra" e na direita "é esta".
Depois da confusão da troca dos quartos acabei por ficar num quarto com vista para o mar, fantástico! Melhor do que alguns hotéis em que já estive hospedada.
A minha cirurgia deveria ser às 17:30 mas atrasou e foi por volta das 22:00. Correu tudo bem conforme o previsto. Foi com epidural mas deram-me alguma coisa que me fez ficar completamente grog, fiquei completamente desinibida e provavelmente disse o que não deveria. No dia seguinte fui ver todas as mensagens que enviei do telemóvel e toda a minha actividade no Facebook, felizmente nada de anormal. Ufa!
Correu quase tudo bem na minha recuperação. Tive sessões de fisioterapia quase todos os dias depois de retirar os pontos. Também fiz ginásio com treinos adaptados à minha nova condição. Tive a ajuda preciosa de um anjo que tem a mania que é mau. Teria sido tudo perfeito se eu não tivesse caído em casa. Senti-me confiante, encostei a canadiana e acabei por fazer asneira porque não consegui controlar a perna e fui ao chão. Forcei o que não devia e acabei por rebentar a cápsula que reveste a rótula.  Mais uma lesão para tratar… Começo a acreditar que é sina minha andar sempre aos trambolhões e com mazelas. Tento ignorar a dor e não dar uma de coitadinha, por vezes consigo.

Na última sexta-feira fiz uma intervenção para drenar o quisto que o rebentamento da cápsula provocou. A intervenção foi simples e rápida foi em cirurgia de ambulatório. Enquanto esperava que me chamassem para entrar no bloco, sentei-me no sofá da sala de espera. Estava sozinha, senti-me a ficar cada vez mais pequena naquele sofá. Tinha um nó na garganta e senti o meu coração apertado e pequenino. Tive vontade de um abraço e não tinha ali ninguém. Depois reparei que apesar de ter passado o dia com pessoas que me deram força e desejaram as melhoras e toda a sorte do mundo, ninguém me deu o abraço que eu precisava. Provavelmente a culpa é minha porque tento dar a impressão de que estou sempre bem e de que é apenas mais um arranhão,  um corte, ou uma picada. Não verdade a minha vontade era de que pegassem em mim ao colo, me dessem um abraço forte e me deixassem chorar até acalmar. 

sábado, 5 de julho de 2014

Cúmulo do azar

Qual é o cúmulo do azar?
Ir à festa de aniversário do melhor amigo do meu filho e descobrir que o padrinho dele é o meu cirurgião plástico. 
Aquele homem já me viu as mamas! Que cena... Ele sabe pormenores sobre o meu corpo! Viu-me nua e disse que não me colocava umas mamas maiores para não parecer vulgar.
Se tivesse um buraco metia-me lá é não voltava a sair!

sexta-feira, 16 de maio de 2014

Consulta

Há uns tempos tive uma consulta de medicina no trabalho. Antes da consulta fiz um electrocardiograma e um exame que avaliava a minha capacidade respiratória.
Tinha tido uma consulta e exames do género dois anos antes, a médica tinha os resultados anteriores. Comparou os resultados anteriores com os actuais e viu também a minha diferença de peso. Fez uma cara de espanto e perguntou:

-Como é que conseguiu isto?

Disse-lhe que tinha começado a fazer dieta, que treinava todos os dias pelo menos uma vez e que escrevia num blog para descarregar as minhas frustrações diárias.
Quis saber tudo, sobre a minha rotina. Como é que me mantenho motivada, o que como, que tipo de treino faço, onde treino, com quem treino e a que horas. Respondi a todas as questões dela, no final ela disse-me que também precisava de perder peso mas que não conseguia ter motivação.
Falei um pouco mais com ela, disse-lhe da importância que o meu filho tem na minha luta e que tipo de mãe quero ser. Quero que ele veja em mim um exemplo, que possa recorrer a mim sempre que tem um problema. Não me quero limitar a ser apenas a 'Mãe' que o protege e chama à atenção, mas também quero ser a pessoa com quem ele faz surf, anda de bicicleta e de patins.

A consulta acabou por demorar mais do que era suposto. No final ela deu-me um abraço e ligeiramente emocionada disse-me:
- É um excelente exemplo, foi um privilégio conhece-la e falar consigo... Obrigada...
Fiquei sem palavras, gostei de falar com ela e de ouvir o que ela me disse, fez-me bem.

quarta-feira, 14 de maio de 2014

Pouco modesta

Há quem diga que sou arrogante. É verdade, assumo. A minha própria Mãe já me disse que sou mas não passa de uma máscara para me proteger. Gosto de me manter à distância de algumas coisas e de dar a ideia que 'não estou nem ai'.

Durante um treino disseram-me que eu sou 'pouco modesta' e que isso é resultado da minha glória rápida. Na altura não respondi mas fiquei com aquilo na cabeça. Reflecti um pouco sobre isso. A minha glória não foi rápida, é o resultado de quase um ano de restrição alimentar e treino. Consequência da minha dedicação, foco, definição de objectivos, sangue frio, espirito de sacrifício e tolerância à dor. Abdiquei de muita coisa e não me arrependo.

Apesar dos meus resultados serem de facto bons e não estou a ser 'pouco modesta' quando digo isto, não significa que a minha auto-estima e o meu ego estejam TOP. Nem tudo o que parece é, infelizmente para mim não sou a fortaleza que quero parecer. Se pareço forte, segura e sem medo sou exactamente o oposto.

Não gosto de admitir mas não passo de uma miúda insegura, cheia de medos, receios e frustrações. Para quem a opinião dos outros conta antes não fosse verdade...




quarta-feira, 7 de maio de 2014

O Pestinha

Não tenho por hábito levar o meu filho para o balneário comigo porque ele já tem cinco anos e faz comentários e lança olhares de malandro.
Mas ultimamente por uma questão de logística quando ele tem aula de natação vai para o balneário das senhoras comigo.
É um stress, pedi-lhe antes de entrar no balneário que não olhasse para as meninas que não estão vestidas ou que se estão a vestir. Enquanto eu pousava os sacos ele perguntou bem alto:
- Mãe, para as que estão vestidas, posso olhar?
Bem... Fiquei corada e comecei a rir, foi gargalhada geral das senhoras que estavam ao pé de nós.
A pior parte é quando ele vai tomar duche comigo e faz perguntas sobre as maminhas.
- Mãe, porque é que tens as maminhas pálidas?
- Mãe, porque é que tens as maminhas magrinhas? Sabes que as maminhas boas são gordinhas e estão em cima!
Isto deixa qualquer mulher de rastos, mas a de ontem foi a melhor:
- Deixa ver ser o ter rabo parece uma batata - ao mesmo tempo levanta-me o vestido.
- Batata?
- Sim uma batata Mãe, assim com coisinhas… Ahh... O teu está bem.

Percebi logo que ele queria dizer, ele estava a falar de celulite e estava a comparar o meu rabo com o da senhora que estava à nossa frente. Fiquei corada mais uma vez. Decidi que não volta a ir comigo para o balneário.

terça-feira, 6 de maio de 2014

Do tempo da Maria Cachucha

Quando comecei a minha dieta tinha como objectivo vestir as calças Guess que eu adoro e que não me serviam há séculos.
O tempo foi passando e os quilos e os centímetros a mais foram desaparecendo. Ontem fui ao meu armário que está quase vazio na óptica de uma mulher, a rebentar na de um homem. Vi as tais calças, peguei nelas e experimentei-as. Não me servem! Estão super largas, parecem de outra pessoa. Não tinha percebido o quão magra fiquei ou melhor fit. Então vi um par de Levis preto que estava escondido há anos da altura em que eu era Grunge e decidi experimentá-lo. OMG!!! Serve! Consigo vestir a roupa que vestia aos 16! Roupa que eu vestia quando tinha metade da idade que tenho hoje, roupa do tempo da Maria Cachucha.

Não consigo explicar por palavras o que isto significou para mim. Eu que nunca me deixo emocionar senti-me quase que a verter uma lágrima.
Ainda não percebi como é que consegui chegar até aqui... Mas valeu a pena cada gota de suor.

Vou continuar com os meu treinos e com a minha alimentação regrada.
Não tenho a pretensão de ser a mulher perfeita mas posso sempre tentar ser um bocadinho melhor.
Não quero voltar a ser aquela mulher feia, gorda e má que vivia fechada no seu mundinho.


segunda-feira, 28 de abril de 2014

Sexto sentido

Não sei explicar mas de vez em quando tenho a certeza de coisas que vão acontecer. Há quem lhe chame sexto sentido ou intuição. É muito estranho e por vezes deixa-me nervosa quando o que vai acontecer não abona a meu favor. Consigo ver coisas onde por vezes algumas pessoas não vêm, dizem que é uma vantagem e que posso antecipar os meus passos.

Tenho frequentemente sensação de 'déjà vu', sei que a psicologia explica isso mas o facto é que quando acontece não me deixa indiferente e acabo por agir de acordo com o que vivi/sonhei antes. Já tomei decisões importantes com base em 'déjà vu' e não me arrependi. Coincidência ou não estes fenómenos acontecem quase sempre antes de um acontecimento importante. Tento retirar sempre algum significado disso.

Por vezes penso que tudo isto é apenas o resultado de ser muito observadora e de prestar atenção aos detalhes e às reacções das pessoas. Também ajudar ter memória de elefante, registo tudo o que me interessa com um nível de detalhe assustador.

Independente do motivo pelo qual estas coisas me acontecem, parece-me boa ideia nunca as ignorar.

terça-feira, 22 de abril de 2014

Ridícula...

Estarei a cair no ridículo? Continuo a ouvir comentários pelo facto de treinar mais que uma vez por dia no ginásio. Fico sem perceber qual é o objectivo dos comentários... Á primeira vista pode parecer que é um elogio mas na maior parte das vezes tem-me parecido que não é.
Sinto-me obrigada a dar uma explicação para treinar tanto. Porque na cara das pessoas vejo como que eu esteja a cometer um crime ou o pior dos pecados. Tento ignorar a situação mas não estou a conseguir e a verdade é que os comentários me perturbam e desconcentram do meu objectivo.
Não sei que resposta dar, tenho vontade de dizer que o faço porque quero e porque me dá na real gana. Se responder assim os comentários vão continuar. Portanto, o melhor será dizer aquilo que as pessoas querem ouvir, tipo 'Vou ser operada ao joelho e tenho de aumentar à massa muscular'.
Ontem estive de férias, de manhã fui treinar sozinha. Dei-me uma grande coça, mas não o suficientemente grande porque durante a tarde andei mais 1h 30m de patins e fiz mais uma aula de RPM. Fiz umas contas rápidas e percebi que já não andava de patins há quase 17 anos. Protegi-me até aos dentes, calcei os patins, levantei-me e dei comigo a pensar 'E agora, c@r@$%&???'. Estava nervosa mas aos poucos comecei a deslocar-me lentamente, afinal ainda me lembrava como era.
Diverti-me muito, principalmente quando o meu filho me puxou na bicicleta dele.
Fiquei com dores nos joelhos mas já era expectável. Chamam-me doida por fazer estas coisas, não as consigo deixar de fazer. É mais forte que eu.
À noite antes na hora de deitar o menino, ele disse-me:
- MÃE!!! YOU ARE A STRONG MOTHER!
Não consigo imaginar melhor elogio, depois de ouvir isto nada mais importa.

segunda-feira, 7 de abril de 2014

Blue ocean


O dia hoje vai estar perfeito, da minha janela vejo o sol a querer romper e o céu a ficar azul. Dias que começam assim fazem-me acreditar na possibilidade de começar de novo.  Há quem não acredite que seja possível, eu própria tive momentos em que não acreditei, mas hoje acredito.

A minha cirurgia está cada vez mais próxima, sinto um misto de emoções. Se por um lado queria resolver o problema do joelho, por outro fico deprimida só de pensar nas limitações que vou ter no pós-operatório. Ficar dependente de alguém é uma coisa que me assusta profundamente, sempre fui o tipo de pessoa que faz as coisas por si e sem ter de recorrer aos outros. Sou uma ‘solitária’, sei que tenho a quem recorrer se for necessário mas não faz parte de mim fazer isso. Aprecio muito a minha independência, a possibilidade de ficar sem ela mesmo que seja por pouco tempo deixa-me transtornada. Por isso já estou a pensar em todos os pormenores para que possa continuar a fazer as minhas coisas.

Resolvi atacar um projecto que tinha na gaveta, sonhei com ele. Parece-me ser um bom presságio, falei dele a uma pessoa mas não me pareceu muito entusiasmada com o que lhe estava a apresentar. Honestamente por mim tudo bem na mesma, sei o que quero e que é uma boa ideia e que poderá ser o chamado ‘blue ocean’. Este tipo de coisas não acontece muitas vezes, por isso vou aproveitar a convalescença do meu joelho e pôr o meu cérebro a funcionar.  Vou transformar a minha lesão e a recuperação numa oportunidade.

quarta-feira, 2 de abril de 2014

Estou toda prejudicada

Hoje fui treinar, até aqui nada de novo. O problema é que me parecia que não estava cansada e que não tinha sido muito puxado o treino. Errado! Estou toda prejudicada! Isto para não dizer nada pior, mal me seguro em pé. Estou cheia de sono e ainda tenho os braços a arder.
 
Tenho a sensação que era capaz de dormir toda a tarde, mas isso não vai acontecer para mal dos meus pecados.
 
Já sucumbi aos prazeres mundanos e bebi um café, bebia outro mas entretanto o meu fígado e a minha vesicula desistiram de mim.
 
Daqui a umas horas faço mais uma aula de RPM e isto passa.

terça-feira, 1 de abril de 2014

Síndrome de La Tourette

Não fecho bem a porta, existe algo em mim que faz com que em situações de stress e sérias eu não mantenha um pensamento normal.
Dou comigo a pensar nas coisas mais estupidas, palermas e até obscenas em funerais, casamentos, baptizados e reuniões chatas. É uma espécie de síndrome de La Tourette do pensamento, só me dá o 'diabo pró mal' como diz a minha mãe. Tento manter o foco na cerimónia ou no assunto da reunião mas é inevitável, vêm-me coisas estranhas ao pensamento. Involuntariamente também saltam advérbios de intensidade da minha boca.

Pensei que era caso único, mas descobri que uma colega sofre da mesma patologia. Falamos sobre isso e foi de rir, já não me sinto sozinha.
Esta situação é desconfortável principalmente em funerais, já vivi situações embaraçosas. Dei comigo às gargalhadas e a não conseguir controlar o riso, juro que não foi por mal. A minha imaginação é fértil demais e dá nisto... Sou um caso perdido...

segunda-feira, 31 de março de 2014

300

Passaram 300 dias desde que iniciei a minha purga de corpo e alma. O resultado é muito positivo mas não teria conseguido sem ajuda e orientação. Parte do meu sucesso deve-se ao coatching, com treinos adaptados a cada fase da ‘purga’. É bom ter alguém que nos motiva e nos mostra o caminho quando tudo parece escuro. Não fui por atalhos, sempre pelo caminho seguro. Foi mais duro, mas os resultados estão à vista e não me arrependo de nada.
Cada fatia de bolo que tive de recusar nas festas de aniversário, cada chocolate que colegas me ofereceram e que eu não comi, cada almoço que recusei para ir treinar e cada série que não vi na Fox para poder saltar à corda na casa de banho HOJE posso ver que valeu a pena.  
Apesar das lesões foi possível continuar a treinar, isto é a prova que só se tem excesso de peso porque se quer.
Estou cada vez mais forte fisicamente, a cada dia que passa faço exercício com mais motivação. Sinto-me com a pujança do elenco do ‘300’, capaz de qualquer desafio que me proponham. Sou completamente viciada em endorfinas, só fico bem depois ter estar completamente encharcada e exausta. Um treino por dia já não chega, é como se me fizesse cocegas. Não é presunção é a verdade, alguns colegas dizem que eu estou vigorexica, para mim é a desculpa que eles arranjam para justificar o facto de não fazerem nada.  
Tenho uma colega que me disse que desde que eu comecei a minha dieta e o treino no ginásio que lhe pareceu que fiquei com mais luz, mais bonita e mais positiva. Disse-me que pareço muito mais feliz do que antes e que a minha aura está diferente. Concordo com tudo o que ela me disse, é isso mesmo que eu sinto.
Agora que o bom tempo está a chegar estou a pensar ir cada vez menos ao ginásio e sair de bicicleta todos os dias. Também vou voltar às aulas de surf, tenciono fazer bastantes até ao dia da cirurgia do joelho.
Vou investir tudo na minha recuperação, depois disso ninguém me pára. Ainda tenho muitas coisas para fazer e experimentar. Acredito que a seguir à cirurgia tudo vai correr melhor. Este ano o verão é meu!
 


sexta-feira, 28 de março de 2014

Até onde gostam de nos ver chegar?


Durante os últimos meses a minha forma física melhorou em 200%. Sinto-me melhor comigo, tenho mais energia, estou mais calma, voltei a vestir a roupa que sempre gostei e que estava escondida no fundo do armário.

Apesar de ser muito exigente comigo, admito que já posso vestir um bikini. Sei que tenho coisas a melhorar e não vou parar. Talvez me tenha tornado escrava de mim própria, já que neste momento levo muito a sério a minha alimentação, o meu treino e a minha imagem.

Tomei coragem e ‘tirei os três’ ao cabelo. Com a mudança de alimentação perdi muito cabelo e quando voltou a crescer a cor dos cabelos era branca. O meu filho perguntou-me se eu estava a ficar velhinha, fiquei em choque. Fui ao cabeleireiro e fiz madeixas em tons de caramelo. Fiquei diferente e era isso que eu queria, foi como lavar a cara.

Agora ando viciada em cremes para tudo e mais alguma coisa. Creme hidratante para mãos, coloco três vezes por dia no mínimo enquanto trabalho. Á noite coloco um para ajudar a desfazer os calos que faço durante os treinos, um para prevenir estrias na barriga e para disfarçar as que apareceram depois de ter amamentado um miúdo dois anos e ter perdido 17 kg. Ontem comecei a colocar outro à noite para ajudar a desfazer um papo de celulite na perna direita. Uma amiga disse-me que não era nada, mas eu vi! Por isso vai sair de lá. De manhã volto a colocar os cremes de prevenção de estrias e anti celulite. Depois de cada treino tomo um duche e ai coloco mais um creme hidratante. Como treino no mínimo duas vezes por dia são no mínimo dois duches. A pele estava a ficar muito seca, dai a necessidade de colocar creme sempre.

Notasse que cuido de mim, parece-me que isso deixa algumas pessoas irritadas. Talvez por inveja pelo que eu consegui ou porque lhes lembro daquilo que nunca serão capazes. Já me disseram:

-Estás óptima, já podes parar.

Não me parece que vá parar, nem me apetece. Fiquei com a ideia de que aos olhos dessa pessoa estava a ficar bem demais, melhor que ela. Há pessoas gostam de nos ver bem, mas não tão bem como elas ou melhor que elas. O segredo é ignorar tudo o que nos dizem e os olhares que fazem de cada vez que passamos. Um amigo sugeriu-me que da próxima vez que fossem desagradáveis comigo eu respondesse ‘para tu chegares onde eu estou, terias de morrer e nascer de novo’. Provavelmente vou dar essa resposta.

terça-feira, 25 de março de 2014

Devo ter a mania que sou boa

Todos os dias exijo ao meu filho que trate as pessoas com respeito, que as cumprimente e que seja educado com elas. É um princípio básico de educação cumprimentar as pessoas quando chegamos ou quando saímos de algum lugar.

Conheço uma pessoa que tem um aspecto que não está de acordo com aquilo que eu considero normal, ou melhor não gosto do estilo. Fiz juízo sobre ela e apesar de nos cruzarmos quase todos os dias em locais diferentes fui incapaz de a cumprimentar. Tive exactamente o comportamento que quero que o meu filho não tenha.

Essa pessoa há uns dias dirigiu-se a mim e disse-me:

- Oi… Somos vizinhas não é verdade?

- Sim… parece que sim – Ignorei-a e segui o meu caminho.

Dei comigo a pensar no que tinha feito, devo ter a mania que sou boa e que pertenço a uma qualquer elite. Fiquei incomodada com o meu comportamento e senti que teria de fazer alguma coisa em relação a isso. Na vez seguinte que a encontrei, fui ter com ela. Pedi desculpas pela forma como a ignorei quando falou comigo, apresentei-me e disse-lhe que qualquer coisa que ela pudesse precisar que estava ao dispor dela. Ela também se apresentou e disse que também estava ao dispor. Conversamos um pouco. Deveria ter tomado esta atitude antes, dei um péssimo exemplo ao meu filho.

 

segunda-feira, 24 de março de 2014

O meu primeiro beijo

Estava calor e era dia de São João. A Cáti fazia anos e fez uma grande festa de aniversário, afinal ela já estava a fazer 13.
Eu era das mais novas da turma ainda ia demorar até fazer 13. Não achava muita piada a ser das mais novas, hoje é exactamente o contrário.
A festa foi fantástica na óptica de uma pré-adolescente. Lanche, brincadeiras no jardim, musica na sala e os pais não chatearam.
 
No jardim jogamos ao lencinho e ao anelzinho. A minha melhor amiga no jogo do anelzinho fez batota de maneira a que eu tivesse de dar um beijo ao rapaz que eu gostava.
Foi assim, nada romântico o meu primeiro beijo… Um simples toque de lábios com o rapaz de quem eu gostava. Apesar de ter sido resultado de uma batota num jogo de miúdos senti borboletas na barriga.
 
A sensação durou pouco tempo, depois do jogo e do beijo fomos para a sala. A música era boa ‘Onda choc’ e ‘Ministars’, mas eu já curtia Nirvana. Chegou a altura do slow e eu estava à espera de o dançar com ele, em vez disso calhou-me a vassoura. Ironia do destino quem estava a dançar com ele era a minha melhor amiga. Alguém apagou a luz mas eu consegui ver, os dois beijaram-se. Não foi um simples toque de lábios, fizeram movimentos com as cabeças e lábios que eu até ali desconhecia. Senti-me enganada, aquele era o rapaz de quem eu gostava e aquela era a minha suposta melhor amiga.
 
Nunca mais consegui confiar nela, nem hoje a consigo perdoar. A atitude dela revelou o caracter dela, cheguei-lhe a perguntar porque é que ela tinha feito aquilo.
A resposta foi que não conseguiu evitar. Nunca mais consegui confiar em ninguém como até ali confiava nela, foi a minha primeira desilusão com amigos. Lembrei-me disto porque à muito tempo que não me desiludia com alguém. A semana passada voltou a acontecer mas já estou a ultrapassar isso.
 
Continuei a gostar daquele rapaz e ele também gostou de mim. Durante a adolescência fizemos juntos algumas asneiras, daquelas que eu espero que o meu filho nunca descubra que a mãe fez. Comprávamos várias cervejas de 0,5l e cigarros no supermercado do Sr. Domingos. A Cáti às vezes também se juntava a nós, mas regra geral eramos só os dois e as bikes atrás de uma casa de emigrantes que nunca estavam lá.  Muita coisa acontece com adolescentes bêbados, felizmente nada de que eu me possa arrepender.
 
Já não o encontro há algum tempo, sei que ele está bem e que trabalha fora do país. Continua uma brasa, lindo de morrer e bem moreno. Sei isto porque ele fez um post recente no Facebook com algumas fotos dele e da namorada. Fico feliz por saber que ele está bem e por ter partilhado com ele alguns dos melhores momentos da minha adolescência. A minha ex-melhor amiga... bem essa continua a ser uma bitch.
 
 
 

quinta-feira, 20 de março de 2014

Insónia

00:30 Vou-me deitar, é tarde e o dia foi longo e difícil, cheio de ilusões e desilusões, conquistas e derrotas. Adormeço rápido.
02:00 Acordo como já era espectável, vou ao WC depois à cozinha beber água. Espreito o miúdo, está tudo bem com ele. Volto para a cama e adormeço outra vez.
03:15 Volto a acordar. Não me levanto, tenho calor como se estivessem 40C no quarto. Dispo parte do pijama, tento adormecer. Não consigo. Viro-me de um lado para o outro, tenho dores em todas as posições. O joelho teima em não deixar de doer, a coluna alivia a cada mudança de posição. Volto a olhar para o relógio 03:47. Penso que será melhor ir fazer qualquer coisa. Não! É melhor ficar aqui nem que seja quieta. Acabo por adormecer.
Abro os olhos já passa das 05:00, dormi qualquer coisa. Começa outra vez o rebolar de um lado para o outro, já não sei o que fazer… Apetecia-me um café! Parva… A tentar dormir e só me vem à ideia o meu pior vicio. Sou uma agarrada, estou a tentar deixar. Não bebo café há mais de 18:00! É uma conquista.
Começo a pensar em tudo o que me aconteceu durante o dia que passou. A nível profissional aconteceu tanta coisa. Não consigo evitar e começo a pensar em soluções para alguns problemas. O meu motto é ‘Bring me problems, not solutions'. Fantástico! A esta hora e parece que encontrei mais uma solução. Sou rápida a encontrar soluções quando o problema não é meu. Começo a pensar em outras coisas, fico nervosa e ainda mais ansiosa. Agora é que o caldo foi entornado, já não vou conseguir dormir mais. São quase 06:00, não tarda o dia vai nascer e eu sem dormir. Tento não pensar na desilusão que senti hoje, não consigo… Vejo os minutos a passar até às 07:00, é o desespero e a frustração. Lembro-me de uma coisa que li num blog de alguém que não conheço mas que já admiro.
A ser verdade, que não seja um pesadelo. Hoje vou mesmo ter de tomar café.

segunda-feira, 17 de março de 2014

Ride on


Não me tenho sentido muito bem fisicamente, também tenho andado desmotivada. Ontem nem me apetecia ir ao ginásio mas acabei por ir porque o meu marido fez questão que lhe fizesse companhia e eu fiz-lhe a vontade. Depois de chegar lá equipei-me como se fosse para um funeral, vesti-me devagar com preguiça. Entrei no ginásio e comecei a fazer o meu treino, à medida que fui avançando no treino comecei a sentir-me melhor no final estava bem-disposta.

Hoje como é Domingo e como tem estado bom tempo, tinha de fazer alguma coisa especial. Decidi pegar na bicicleta, só tinha andado uma vez nela desde que caí. Limpei-a, ainda tinha restos de areia da queda, enchi bem os pneus e coloquei óleo na corrente. Testei os travões, dei um jeito ao selim e saí. Tinha saudades dela... Estávamos de relações cortadas mas reconciliamo-nos.

Enquanto pedalava veio-me à memória o dia em que cai. Recordei-me da música que ia a ouvir, do que ia a pensar e do cheiro a mar. Estava tão bem disposta que nem parecia eu, senti-me noutra dimensão. Tudo terminou logo a seguir, não vi a escada que estava à minha frente não consegui evitar e voei literalmente por cima dela. Fui projectada, cai de cabeça sobre o lado direito, consegui proteger a cara com o braço. Com o impacto fracturei a rótula do joelho direito, desloquei um implante auditivo que tenho no ouvido direito, fiquei toda pisada e cheia de dores... Mas claro levantei-me logo à Rambo. Fiz mais 12 km naquele estado a pedalar. Hoje percebo que não o deveria ter feito. Na altura cheguei a pensar que a queda teria sido um castigo ou um aviso.

Fiquei com algum receio de andar de bicicleta desde aquele dia, mas hoje a vontade foi maior do que os meus medos e receios. Pedalei com vontade, no final senti-me muito melhor e com vontade de continuar.

terça-feira, 11 de março de 2014

Nails

Não consigo perceber o porque de a maior parte das meninas que trabalham nas caixas dos supermercados terem umas 'nails' parolas. Já pensei que seria obrigatório ter e que era condição eliminatória na entrevista de trabalho.
 
Não tenho nada contra unhas com gel, eu própria já usei. Mas o facto é que elas abusam! Mal conseguem carregar nas teclas e para o fazer esticam os dedos e ficam com as mãos a parecer barbatanas. Aplicam cores berrantes e purpurinas, ficam todas shining. Chamam-lhe ‘nail art’.
Algumas utilizam também cabelo e maquilhagem a combinar com as ‘nail’s, excesso de laca e maquilhagem de noite. Tudo isto com uma farda que na maior parte dos casos parece um saco de batatas. Não há nada que me irrite mais no supermercado do que uma avestruz destas a mastigar uma patilha e a perguntar: 'Não quer aderir ao nosso cartão?'.

segunda-feira, 10 de março de 2014

Quando parar?

Várias pessoas me têm dito para não emagrecer mais. Já não perco peso quase à 4 meses mas a verdade é que continuo a perder volume.
Continuo a ter cuidado com o que como, quase sempre carnes brancas ou salmão e pouco ou nada de hidratos de carbono.
Também me perguntam até onde é que eu quero ir, já não sei qual é a resposta a essa pergunta. Eu olho para mim e sinto que ainda não devo parar. Ás vezes sinto-me mais gorda que antes estou a ficar confusa, ou talvez esteja apenas deprimida ou obcecada como já me apelidaram.
 
Durante a semana passada aconteceram coisas que me deixaram nervosa, desconfortável, envergonhada e até frustrada.
 
No trabalho tive um problema com um colega. Não lhe costumo deitar palha mas desta vez chateou-e, a pior parte foi ter ficado chateada comigo por me deixar chatear... Confuso mas foi isto...
 
Em casa o miúdo está cada vez mais pestinha. Culpa minha, que não lhe coloco um travão.
 
No ginásio esta semana que passou provaram-me que não domino tudo. Não tenho essa pretensão mas mexeu comigo. Talvez tenha sido desagradável com quem não merecia, porque tem como objectivo ajudar-me e eu se calhar não estou a deixar. De repente também comecei a ser interrompida no meu treino, quase todos os dias alguém tem alguma coisa para me dizer sobre o meu treino ou o meu corpo. Não estou a gostar dessa situação. Até no balneário fui abordada por uma pessoa para me vender uma bimby. Ainda por cima eu já tinha tirado a roupa para tomar banho. Que raio de mulher sem sentido de oportunidade.
 
Esta semana vai correr melhor…  Espero eu…

quarta-feira, 5 de março de 2014

O melhor elogio de sempre

Tenho um amigo dos tempos de liceu que dizem as más-línguas é gay. Ele era uns dos meus melhores amigos de liceu. Passava muito tempo com ele mas nunca abordei a questão com ele.
 
Nas aulas de educação física ele nunca ia jogar futebol com os rapazes, ficava sempre com as meninas a jogar vólei ou badminton. Andava sempre com as meninas e não tinha muitos amigos rapazes. Eu sempre pensei que ele era mais inteligente que os outros rapazes, andava sempre com as meninas, logo teria mais oportunidades que os outros. Pelos vistos eu era a única que pensava assim.
 
Estive bastante tempo sem o ver, até que um dia o comecei a ver regularmente porque frequenta o mesmo ginásio que eu. Na semana passada encontramo-nos e disse-me: ‘Bem! Com a roupa de ginásio é que se nota bem! Estás óptima! Tás toda boa!’. Era aquilo que eu precisava de ouvir, de alguém que dizem que é gay e a quem eu supostamente faço concorrência. Andava um pouco desanimada, mas depois daquilo senti-me mais motivada que nunca.

segunda-feira, 3 de março de 2014

Uma tarde perfeita

Na última sexta-feira passei uma tarde perfeita com o meu filho. Tive a tarde livre e fui assistir ao concurso de máscaras do colégio. Na salinha dele ‘ganharam todos’ mas para mim ele era o mais bonito e original.

Depois do concurso fomos comer um gelado de iogurte com tudo o que ele quis, como era de esperar teve mais olhos que barriga e não terminou. Fomos juntos ao ginásio e teve finalmente o treino que ele me andava a pedir. Fiquei contente por ele afinal não ser assim tão trengo e descoordenado como eu pensava que ele era. Esteve bastante empenhado no treino, mais do que eu poderia imaginar. Nunca o tinha visto tão empenhado e tão bem comportado. Normalmente gosta de fazer tudo à maneira dele, tem fama de ser mal comportado e desobediente mas durante o treino comportou-se como um Homem. Talvez tenha sido da atitude do PT, não o deixou esticar e desde o início que lhe mostrou quem é que controlava a situação.

Não estava à espera que ele reagisse assim, nem que gostasse que não deixassem fazer tudo o que lhe apetece. Demonstrou respeito, está um Homem feito. Já me perguntou quando podia treinar outra vez e disse-me: ‘Não me tinhas dito que o teu professor ficava zangado!’.

Depois do treino fomos jantar fora, comeu como um leão e não houve birras. Quando chegamos a casa tirei os sacos do ginásio da mala do carro e disse-lhe para tirar as mãos para que eu pudesse fechar a mala. Tirou as mãos mas voltou a coloca-las no momento em que eu fechei a mala. Entalei-lhe 3 dedinhos! Abri rapidamente a mala para o soltar e chorei com ele… Ficou um bocadinho pisado e chorou como nunca o tinha visto chorar. Senti-me péssima e culpada pelo que aconteceu… Se pudesse trocar e ser eu a sentir as dores sentia, não pensaria duas vezes.

Faço qualquer coisa por aquele menino… Tinha sido um dia tão especial e estava a terminar daquela maneira. Vesti-lhe o pijama e deitei-o na minha cama. Adormecemos juntos enquanto lhe fazia festinhas nas ‘cotas’ como ele gosta…

 

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Eu vs Mim

Existe um Eu em Mim que me impede de tomar algumas atitudes. Reprime os meus desejos e vontades, é o meu Eu racional. Nunca o consigo ignorar, deixo sempre que ele me controle e faço sempre o que me diz. Sou uma menina bem-mandada.

O meu Eu sempre controlou a minha vida, sabe sempre o que é social e moralmente aceite pelas pessoas que não posso desiludir.

O meu Eu escolheu o meu curso, o meu trabalho, a minha casa e a escola do meu filho. Impediu-me de cometer alguns disparates quando era mais nova, não o deveria ter feito. Faz bem bater com a cabeça. Detesto este Eu senhor da verdade.

Apesar de tudo é ele que não me deixa desistir, é ele que puxa por mim e não me deixa cair. Se por acaso isso acontecer é ele que me levanta e me diz 'não vai voltar a acontecer'.

Sou completamente racional nas decisões difíceis que tenho de tomar, não sigo emoções. Não consigo deixar acontecer, tenho de controlar, pensar sobre, reflectir.

O meu Eu faz parte de Mim.

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Vestido de 'bitch'

Quase todas as mulheres têm uma característica em comum, serem vaidosas. Qual é a mulher que não gosta de se vestir bem e de se arranjar? Conheço muito poucas que não e as que conheço fecham mal a porta.  Ser vaidosa, feminina e prestar atenção ao detalhe faz parte ser mulher.
Estas características em mim tenderam a desaparecer à medida que fui engordando mas neste momento estou a recuperá-las. A minha perdição são sapatos. Adoro! Altos, baixos, em cunha, sem cunha, sabrinas!
Tenho um arsenal de sapatos no meu armário, a maioria deles já não me servia, porque com o aumento de peso os meus pés incharam. Decidi começar a experimentá-los outra vez. Servem todos!!!! Melhor que nunca. Mas por mais bonito e extravagante que um par de sapatos seja só está completo se tiver um vestido. Foi a pensar nisto que comprei um vestido. Chamo-lhe vestido de 'bitch', não porque seja ordinário, mas porque é demais! Caro de mais! Curto de mais! Feminino de mais e até sexy de mais! Só poderia ser de uma cor, o preto. Isto porque 'Com um vestido preto, nunca me comprometo'.