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segunda-feira, 24 de março de 2014

O meu primeiro beijo

Estava calor e era dia de São João. A Cáti fazia anos e fez uma grande festa de aniversário, afinal ela já estava a fazer 13.
Eu era das mais novas da turma ainda ia demorar até fazer 13. Não achava muita piada a ser das mais novas, hoje é exactamente o contrário.
A festa foi fantástica na óptica de uma pré-adolescente. Lanche, brincadeiras no jardim, musica na sala e os pais não chatearam.
 
No jardim jogamos ao lencinho e ao anelzinho. A minha melhor amiga no jogo do anelzinho fez batota de maneira a que eu tivesse de dar um beijo ao rapaz que eu gostava.
Foi assim, nada romântico o meu primeiro beijo… Um simples toque de lábios com o rapaz de quem eu gostava. Apesar de ter sido resultado de uma batota num jogo de miúdos senti borboletas na barriga.
 
A sensação durou pouco tempo, depois do jogo e do beijo fomos para a sala. A música era boa ‘Onda choc’ e ‘Ministars’, mas eu já curtia Nirvana. Chegou a altura do slow e eu estava à espera de o dançar com ele, em vez disso calhou-me a vassoura. Ironia do destino quem estava a dançar com ele era a minha melhor amiga. Alguém apagou a luz mas eu consegui ver, os dois beijaram-se. Não foi um simples toque de lábios, fizeram movimentos com as cabeças e lábios que eu até ali desconhecia. Senti-me enganada, aquele era o rapaz de quem eu gostava e aquela era a minha suposta melhor amiga.
 
Nunca mais consegui confiar nela, nem hoje a consigo perdoar. A atitude dela revelou o caracter dela, cheguei-lhe a perguntar porque é que ela tinha feito aquilo.
A resposta foi que não conseguiu evitar. Nunca mais consegui confiar em ninguém como até ali confiava nela, foi a minha primeira desilusão com amigos. Lembrei-me disto porque à muito tempo que não me desiludia com alguém. A semana passada voltou a acontecer mas já estou a ultrapassar isso.
 
Continuei a gostar daquele rapaz e ele também gostou de mim. Durante a adolescência fizemos juntos algumas asneiras, daquelas que eu espero que o meu filho nunca descubra que a mãe fez. Comprávamos várias cervejas de 0,5l e cigarros no supermercado do Sr. Domingos. A Cáti às vezes também se juntava a nós, mas regra geral eramos só os dois e as bikes atrás de uma casa de emigrantes que nunca estavam lá.  Muita coisa acontece com adolescentes bêbados, felizmente nada de que eu me possa arrepender.
 
Já não o encontro há algum tempo, sei que ele está bem e que trabalha fora do país. Continua uma brasa, lindo de morrer e bem moreno. Sei isto porque ele fez um post recente no Facebook com algumas fotos dele e da namorada. Fico feliz por saber que ele está bem e por ter partilhado com ele alguns dos melhores momentos da minha adolescência. A minha ex-melhor amiga... bem essa continua a ser uma bitch.
 
 
 

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