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sexta-feira, 16 de maio de 2014

Consulta

Há uns tempos tive uma consulta de medicina no trabalho. Antes da consulta fiz um electrocardiograma e um exame que avaliava a minha capacidade respiratória.
Tinha tido uma consulta e exames do género dois anos antes, a médica tinha os resultados anteriores. Comparou os resultados anteriores com os actuais e viu também a minha diferença de peso. Fez uma cara de espanto e perguntou:

-Como é que conseguiu isto?

Disse-lhe que tinha começado a fazer dieta, que treinava todos os dias pelo menos uma vez e que escrevia num blog para descarregar as minhas frustrações diárias.
Quis saber tudo, sobre a minha rotina. Como é que me mantenho motivada, o que como, que tipo de treino faço, onde treino, com quem treino e a que horas. Respondi a todas as questões dela, no final ela disse-me que também precisava de perder peso mas que não conseguia ter motivação.
Falei um pouco mais com ela, disse-lhe da importância que o meu filho tem na minha luta e que tipo de mãe quero ser. Quero que ele veja em mim um exemplo, que possa recorrer a mim sempre que tem um problema. Não me quero limitar a ser apenas a 'Mãe' que o protege e chama à atenção, mas também quero ser a pessoa com quem ele faz surf, anda de bicicleta e de patins.

A consulta acabou por demorar mais do que era suposto. No final ela deu-me um abraço e ligeiramente emocionada disse-me:
- É um excelente exemplo, foi um privilégio conhece-la e falar consigo... Obrigada...
Fiquei sem palavras, gostei de falar com ela e de ouvir o que ela me disse, fez-me bem.

quarta-feira, 14 de maio de 2014

Pouco modesta

Há quem diga que sou arrogante. É verdade, assumo. A minha própria Mãe já me disse que sou mas não passa de uma máscara para me proteger. Gosto de me manter à distância de algumas coisas e de dar a ideia que 'não estou nem ai'.

Durante um treino disseram-me que eu sou 'pouco modesta' e que isso é resultado da minha glória rápida. Na altura não respondi mas fiquei com aquilo na cabeça. Reflecti um pouco sobre isso. A minha glória não foi rápida, é o resultado de quase um ano de restrição alimentar e treino. Consequência da minha dedicação, foco, definição de objectivos, sangue frio, espirito de sacrifício e tolerância à dor. Abdiquei de muita coisa e não me arrependo.

Apesar dos meus resultados serem de facto bons e não estou a ser 'pouco modesta' quando digo isto, não significa que a minha auto-estima e o meu ego estejam TOP. Nem tudo o que parece é, infelizmente para mim não sou a fortaleza que quero parecer. Se pareço forte, segura e sem medo sou exactamente o oposto.

Não gosto de admitir mas não passo de uma miúda insegura, cheia de medos, receios e frustrações. Para quem a opinião dos outros conta antes não fosse verdade...




quarta-feira, 7 de maio de 2014

O Pestinha

Não tenho por hábito levar o meu filho para o balneário comigo porque ele já tem cinco anos e faz comentários e lança olhares de malandro.
Mas ultimamente por uma questão de logística quando ele tem aula de natação vai para o balneário das senhoras comigo.
É um stress, pedi-lhe antes de entrar no balneário que não olhasse para as meninas que não estão vestidas ou que se estão a vestir. Enquanto eu pousava os sacos ele perguntou bem alto:
- Mãe, para as que estão vestidas, posso olhar?
Bem... Fiquei corada e comecei a rir, foi gargalhada geral das senhoras que estavam ao pé de nós.
A pior parte é quando ele vai tomar duche comigo e faz perguntas sobre as maminhas.
- Mãe, porque é que tens as maminhas pálidas?
- Mãe, porque é que tens as maminhas magrinhas? Sabes que as maminhas boas são gordinhas e estão em cima!
Isto deixa qualquer mulher de rastos, mas a de ontem foi a melhor:
- Deixa ver ser o ter rabo parece uma batata - ao mesmo tempo levanta-me o vestido.
- Batata?
- Sim uma batata Mãe, assim com coisinhas… Ahh... O teu está bem.

Percebi logo que ele queria dizer, ele estava a falar de celulite e estava a comparar o meu rabo com o da senhora que estava à nossa frente. Fiquei corada mais uma vez. Decidi que não volta a ir comigo para o balneário.

terça-feira, 6 de maio de 2014

Do tempo da Maria Cachucha

Quando comecei a minha dieta tinha como objectivo vestir as calças Guess que eu adoro e que não me serviam há séculos.
O tempo foi passando e os quilos e os centímetros a mais foram desaparecendo. Ontem fui ao meu armário que está quase vazio na óptica de uma mulher, a rebentar na de um homem. Vi as tais calças, peguei nelas e experimentei-as. Não me servem! Estão super largas, parecem de outra pessoa. Não tinha percebido o quão magra fiquei ou melhor fit. Então vi um par de Levis preto que estava escondido há anos da altura em que eu era Grunge e decidi experimentá-lo. OMG!!! Serve! Consigo vestir a roupa que vestia aos 16! Roupa que eu vestia quando tinha metade da idade que tenho hoje, roupa do tempo da Maria Cachucha.

Não consigo explicar por palavras o que isto significou para mim. Eu que nunca me deixo emocionar senti-me quase que a verter uma lágrima.
Ainda não percebi como é que consegui chegar até aqui... Mas valeu a pena cada gota de suor.

Vou continuar com os meu treinos e com a minha alimentação regrada.
Não tenho a pretensão de ser a mulher perfeita mas posso sempre tentar ser um bocadinho melhor.
Não quero voltar a ser aquela mulher feia, gorda e má que vivia fechada no seu mundinho.