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quinta-feira, 17 de julho de 2014

Sina

E finalmente chegou o dia. Estava nervosa a cirurgia ia ser durante a tarde. A última refeição foi às 09:00, comi como um alarve, levei o miúdo ao colégio, dei-lhe dois beijinhos e disse-lhe "Até logo... Depois vais ver a Mãe ao hospital...". Seguiu-se um abraço forte e disse-lhe: "Vai lá...".
Estava nervosa e não sabia muito bem o que fazer para matar o tempo. Vesti a minha roupa preferida, um macacão azul e acabei por ir fazer o que dá mais gozo. Fui treinar, claro. Cheguei tarde porque estava trânsito. Fiquei furiosa detesto quando não aproveito na totalidade os treinos.
Vesti a roupa de treino rapidamente e fui puxar pelo corpo. Tive um treino excelente, foi quase todo ao ar livre e ajudou a acalmar.
Depois do treino fui a casa, terminei de arranjar o meu saco e fui ao SPA, estava a precisar de mino e foi isso que tive.
Sem dar por isso era a hora de ser admitida no hospital, tratei da burocracia da admissão e fui para o quarto.
Azar dos diabos, tinham tocado o número do meu quarto! Entrei logo em stress, pensei: "se me trocam o número do quarto se calhar também me trocam a perna!" Se calhar seria melhor marcar a perna que era para operar, escrever na esquerda "é a outra" e na direita "é esta".
Depois da confusão da troca dos quartos acabei por ficar num quarto com vista para o mar, fantástico! Melhor do que alguns hotéis em que já estive hospedada.
A minha cirurgia deveria ser às 17:30 mas atrasou e foi por volta das 22:00. Correu tudo bem conforme o previsto. Foi com epidural mas deram-me alguma coisa que me fez ficar completamente grog, fiquei completamente desinibida e provavelmente disse o que não deveria. No dia seguinte fui ver todas as mensagens que enviei do telemóvel e toda a minha actividade no Facebook, felizmente nada de anormal. Ufa!
Correu quase tudo bem na minha recuperação. Tive sessões de fisioterapia quase todos os dias depois de retirar os pontos. Também fiz ginásio com treinos adaptados à minha nova condição. Tive a ajuda preciosa de um anjo que tem a mania que é mau. Teria sido tudo perfeito se eu não tivesse caído em casa. Senti-me confiante, encostei a canadiana e acabei por fazer asneira porque não consegui controlar a perna e fui ao chão. Forcei o que não devia e acabei por rebentar a cápsula que reveste a rótula.  Mais uma lesão para tratar… Começo a acreditar que é sina minha andar sempre aos trambolhões e com mazelas. Tento ignorar a dor e não dar uma de coitadinha, por vezes consigo.

Na última sexta-feira fiz uma intervenção para drenar o quisto que o rebentamento da cápsula provocou. A intervenção foi simples e rápida foi em cirurgia de ambulatório. Enquanto esperava que me chamassem para entrar no bloco, sentei-me no sofá da sala de espera. Estava sozinha, senti-me a ficar cada vez mais pequena naquele sofá. Tinha um nó na garganta e senti o meu coração apertado e pequenino. Tive vontade de um abraço e não tinha ali ninguém. Depois reparei que apesar de ter passado o dia com pessoas que me deram força e desejaram as melhoras e toda a sorte do mundo, ninguém me deu o abraço que eu precisava. Provavelmente a culpa é minha porque tento dar a impressão de que estou sempre bem e de que é apenas mais um arranhão,  um corte, ou uma picada. Não verdade a minha vontade era de que pegassem em mim ao colo, me dessem um abraço forte e me deixassem chorar até acalmar. 

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