Translate

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Feia, gorda e má

Disseram-me: 'Não és feia, não és gorda e não és má!', mas não era assim que me sentia há uns meses.
Feia, mal consegui olhar para mim, evitava o frente a frente comigo ao espelho.
Gorda, nada me servia, nada ficava bem, subia dois lanços de escadas e ficava com dificuldade em respirar. Tinha dores insuportáveis de coluna, às vezes tomava analgésicos.
Má, sempre mal disposta especialmente de manhã porque dormia mal. Raramente ria e quando via uma comédia no cinema ficava com dores nos músculos da cara, já não estava habituada a sorrir.

Três semanas depois de iniciar o meu plano estive de férias uns dias. O hotel tinha piscina, em vez de a aproveitar fiquei a maior parte do tempo a observar, a ler ou com o telemóvel. O meu filho pediu para eu me juntar a ele e ao pai na piscina eu disse-lhe que estava mal disposta, a resposta dele foi fantástica ‘Olá Xenhora Mal Dipóta! Quer vir pá picina?’. Este miúdo não existe! É realmente especial. Fez-me perceber que eu estava a perder uma parte da existência dele, as brincadeiras e até as asneiras. Estava a ser egoísta, para eu não me sentir mal privava os outros da minha existência. Vivia numa espécie de bolha Actimel e raramente saia dela. Já a ‘rebentei’ e não tive pena.
A dieta, o treino e a mudança de hábitos têm sido uma purga de corpo e alma. Nem sempre me sinto com vontade de continuar, porque sabe muito melhor estar sentada no sofá a ver um filme ou horas na net. Sabe bem comer um bife com batata frita, em vez de salmão grelhado e brócolos cozidos, mas sabe muito melhor vestir as calças do tempo de faculdade que estavam escondidas no fundo do armário para ninguém ver. Calça que de vez enquanto via ao arrumar o armário no final de cada estação e que me faziam lembrar daquilo que eu já tinha sido e que não era mais. Sabe muito melhor andar de bicicleta com o meu filho ou participar na Color Run com ele e com o com o pai.
Pode parecer um cliché mas sabe bem Viver.

Sem comentários:

Enviar um comentário