O último fim-de-semana foi difícil para a minha família. O nosso Patriarca
já não está. Era um homem especial, sereno e de poucas palavras mas quando falava
toda a gente ouvia. Tinha um sentido de humor apurado, fazia muitos trocadilhos
e tinha uma adoração pela sua companheira. Viveram juntos quase 59 anos e não
se cansaram um dou outro. Ele tratava-a de uma forma especial. Quando se
dirigia directamente a ela chamava-a de ‘Menina’, se falasse dela a alguém
tratava-a por ‘Senhora Teresinha’. Apesar de ter 93 anos e de não se lembrar
muitas vezes do nome dela, olhava para ela com carinho e nunca deixou de a
reconhecer. Ultimamente chamava-lhe ‘Mãe’ e dizia que ela era muito mais do que
mãe dele. Nunca os ouvi discutir, se o faziam seria em privado.
Ele é um dos meus modelos, um exemplo de força. Lutou como um guerreiro até
ao fim. Sinto-me uma privilegiada por ter privado com ele e por ser sua neta.
Não gosto da morte, é demasiado definitiva, por isso prefiro acreditar que ontem não
lhe disse adeus, mas sim um ‘Até já’.
Tive uma sensação estranha mas agradável durante a cerimónia. Senti como se
alguém me estivesse a fazer um carinho na cara. Talvez tenha sido impressão
minha, ou uma corrente de ar, mas prefiro acreditar que foi ele.
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