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quinta-feira, 21 de novembro de 2013

A minha bike

O meu filho tem tudo o que quer, sem precisar de se esforçar. Como é filho, neto, bisneto, sobrinho e afilhado único arranja sempre alguém que lhe dê o que quer.

Quando eu era miúda queria uma bicicleta nova, porque a que eu tinha era pequena de mais para mim e ainda tinha rodinhas. Lembro-me que não a pedi aos meus pais. Juntei o dinheiro que me deram na Primeira Comunhão e mais uns trocos que tinha no meu porquinho para comprar uma.
Juntei 15 contos, mas a bicicleta custava 17. O meu pai deu-me o resto e fomos os dois à Sport 2000 comprar a bike. Na altura o ano 2000 pareceria tão longe e eu imaginava que as bikes no ano 2000 voariam como no ET. Escolhi uma BMX turbo com suspensão, cor de rosa e branca. O meu Pai pediu para colocarem um cesto à frente para eu ir comprar pão.

Quando cheguei a casa peguei logo na bike, não chegava com os pés ao chão. Mal sabia andar e cai 13 vezes seguidas nesse dia. Sei o numero de vezes que cai porque as minhas vizinhas estavam todas invejosas e em vez de andarem nas bicicletas delas passaram a tarde a contar  bem alto as vezes que eu caia enquanto riam.

Nos dias que se seguiram a minha mãe não me deixou andar de bicicleta, porque ia ter um espectáculo de ballet e estava com os joelhos todos esfolados. Ainda hoje tenho as marcas dos 13 tombos da BMX, gosto delas. Aprendi a andar sozinha de bicicleta naquele dia, apesar de ter gente a contar as vezes que eu caia. De cada vez que cai, levantei-me e voltei a tentar, não desisti.
Depois do espectáculo peguei na bicicleta e passei o Verão todo a andar nela.
 
Quero que o meu filho tenha a sensação de conquista e de merecer algo, tal e qual como eu senti com a minha BMX. Vou ter de trabalhar isso com ele, confesso que não o tenho feito.




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